SEMENTINHA DO MAL: o vocabulário de um estado infanticida e racista sobre as crianças negras

Autores

  • Priscila de Oliveira Xavier Scudder Universidade Federal de Rondonópolis

DOI:

https://doi.org/10.47695/hegemonia.31.328

Palavras-chave:

Ancestralidade, Memória, Racismo, Carrego, Colonial, Escrevivência

Resumo

Esta é a escrita de uma mulher negra. É fruto de uma raiva muito profunda e de uma sensação de desmoronamento físico e emocional decorrentes das dores provocadas pelo racismo. Racismo percebido na estrutura e nas políticas genocidas do Estado e da sociedade brasileira, efetivadas através de aparelhos de morte, como as polícias e os tribunais, mas também de equipamentos de linguagem, de palavras que nomeiam, apresentam e servem para determinar quem deve morrer, que oferece recursos para que a infância negra seja sintetizada como “sementinha do mal”. A procura de uma possibilidade de não morrer, a memória e a ancestralidade são evocadas e constituem a fonte, o conteúdo, a metodologia deste artigo, que busca uma cura que ajude a viver um pouco mais. Não são a compreensão histórica, política, filosófica, que permitem a resistência, pois não há nada, nenhum discurso que justifique o racismo e a escravidão antinegro, antíindígena, antiaborígene, antíárabe, que movimentam e legam força para a luta, é a ancestralidade, são os testemunhos, as vivências, a experiência no mundo. A razão ocidental não se preocupa com o direito de bem-viver das populações não-brancas. Somos nós, de par com os nossos mais velhos, os nossos iguais e nossos mais novos, que firmamos o objetivo da escrita: garantir a nossa vida e traçar práticas contrarracistas.

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Biografia do Autor

Priscila de Oliveira Xavier Scudder, Universidade Federal de Rondonópolis

Doutora em Educação no Departamento de História e no Programa de Pós Graduação em Educação/ PPGEDU, na Universidade Federal de Rondonópolis.

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Publicado

2022-05-18

Como Citar

de Oliveira Xavier Scudder, P. (2022). SEMENTINHA DO MAL: o vocabulário de um estado infanticida e racista sobre as crianças negras. Hegemonia, (31), 55–76. https://doi.org/10.47695/hegemonia.31.328

Edição

Seção

Artigos